A 10ª Mostra de Teatro do Amazonas ficará marcada pelo excelente público. Neste sábado (7), mais três peças estarão nesta vitrine. No Les Artistes Café Teatro, às 10h, tem o infanto juvenil ‘O menino por trás das nuvens’, da Associação Arte e Fato. Na Zona Leste tem ‘Retratos de Qorpo Santo’, às 18h, no Teatro Luiz Cabral, Shopping Grande Circular. Para fechar esta edição, sobe ao palco do Les Artistes, às 20h, o drama ‘Persona Face Dois’, do Ateliê 23.

A cerimônia de encerramento terá homenagem à atriz Narda Telles, pelos 36 anos dedicados à carreira teatral no Amazonas. Ela e o ator Paulo Queiroz farão trecho da tragédia ‘Medéia’, sucesso da dupla desde os anos 90. Após ‘Persona Face Dois’, a Federação de Teatro do Amazonas (Fetam) convidará a todos os participantes da 10ª Mostra para jantar e festa, com a presença do cantor Serginho Queiróz.

O infanto juvenil ‘O menino por detrás das nuvens’, de autoria de Carlos Augusto Nazareth, narra a eterna reconstrução do circo, colocando os personagens circenses em ação de ensino-aprendizagem, de geração a geração. Na trama, um menino em profunda solidão que sonha conhecer o ‘mundo por detrás das nuvens’, após um acidente em que perdeu um dos seus entes queridos, é visitado por inúmeras nuvens que o fazem realizar seu sonho. Ele então é transportado e cai em outra realidade: o circo.

Já o espetáculo ‘Retratos de Qorpo-Santo’, da Cia. A Rã Qi Ri, é uma adaptação de peças desse autor do século XIX com cenas do cotidiano de uma família cujas preocupações e ações são levadas ao absurdo. O texto é cheio de ironia e trata das relações das personagens com o governo, com as instituições, inclusive com a própria família. A linguagem de Qorpo-Santo é um elemento de força no texto pelo uso incomum da ortografia, da gramática e da sintaxe, o que era seu projeto de mudanças na língua falada e a representação na língua escrita. 

PERSONA FACE 2

O Ateliê 23 traz à 10ª Mostra o espetáculo ‘Persona Face 2’, numa ode à resistência. A poesia dramática agora se direciona em forma de homenagem aos homens e mulheres trans que resistem bravamente e lutam por respeito às identidades. O grupo conta a experiência de um trabalho artístico pautado em vidas que seguem sendo maiores e melhores que as afrontas no caminho. É um jogo de ironias sem medo de apontar dedos e de fazer lembrar à humanidade que essa voz não pode calar.

HOMENAGEM NARDA TELLES

A atriz e diretora Narda Telles sempre foi e é uma voz firme na obtenção dos direitos ao artista amazonense. Reverenciada e premiada, Narda Telles Yamane formada em 1998 na cátedra de Filosofia pela Universidade Federal do Amazonas e em 2012 em Jornalismo pela Universidade do Norte. Atua nas artes cênicas desde 1980, tendo realizado cursos e oficinas de teatro com Darcy Figueiredo; Priscila Camargo; José Celso Martinez; Thierry Trémouroux; Monah Delacy; Gercilga de Almeida; Álvaro de Sá entre outros artistas. Na área de dança iniciou em 1986 com Conceição Souza, depois realizou cursos com Ana Mendes; Maysa Tempesta; Omar Cláudio; Ceila Portílio etc. Atuou como atriz nos Grupos Teatrais: O Grito, Evolução, Pombal, Vitória Régia, Origem, Cooperativa Tempo etc. Foi presidente da Associação Amazônia Arte-Mythos desde sua fundação em 2003, onde desenvolveu junto com Paulo Queiroz um trabalho que conquistou o reconhecimento do público em teatro/dança na cidade de Manaus. Esse reconhecimento com as pesquisas do Grupo possibilitou sua participação em renomados festivais e a conquista de um número significativo de prêmios, além da contemplação em editais como PROARTE-SEC, MANAUSCULT, CORREIOS, FUNARTE 2010 e 2014 e MINISTÉRIO DA CULTURA (BASA S/A).

No Grupo desenvolveu projetos como o Tragecontemporâneo, com montagens de tragédias gregas permeadas de um estudo corporal inspirado na técnica da dança moderna e contemporânea. Esse estudo surgiu da necessidade de discutir a relação do homem com o poder, visto que as tragédias Medéia, Prometheu, Antígona e As Bacantes, são frutíferas nesta temática.

Além disso, produziu espetáculos infantis com temáticas voltadas ao universo amazônico, a maioria delas premiadas nos festivais de Teatro da Amazônia, como: Yawê o Pequeno Peixe-Boi, Dona Chuva e Dona Selva Contra o Senhor Moto Serra e Assembléia das Árvores. Em 2012 realizou parceria com Cia de Dança Uatê dirigida pela bailarina Mara Pachêco que gerou frutos de dois espetáculos de dança denominados: Objeto Ritual e Karibaya. Atualmente, montou três espetáculos infantis; o primeiro com linguagem circense denominado A Menina dos Brincos de Ouro em parceria com o diretor Hely Pinto, o outro com linguagem alegórica chamado A Menina e o Tempo, já o terceiro A Incrível Viagem de Mariana mergulhou no mundo fantástico do surrealismo. Outros projetos foram realizados no Grupo que teve uma atividade assídua na cidade de Manaus. Como atriz, bailarina e encenadora sempre acreditou no estudo teórico e prático profundo, tanto do ator quanto das interações das diferentes linguagens artísticas e, com esse intuito, tem trabalhado e buscado um aprimoramento no resultado de suas encenações.

BALANÇO MOSTRA

Durante oito dias, a Federação de Teatro do Amazonas (Fetam) levou ao público 22 apresentações de espetáculos de temáticas variadas, entre adultos e infanto-juvenis, performances e humor, em amplo panorama do teatro realizado atualmente em Manaus. Ao todo, a Mostra alcançará até o final 3 mil espectadores.

Os destaques desta edição ficaram por conta do Humor Amazonas, que superlotou o largo de São Sebastião com Wallace Abreu, Rosa Malagueta e Michel Guerrero, os espetáculos adultos no Les Artistes com casa lotada, as apresentações do Grupo Manjericão, do Rio Grande do Sul, em praças e ruas de Manaus e também os debates com Lauro Góes na provocação dos espetáculos, além das oficinas de Márcio Silveira e Vanja Poty.

Mais informações pelo telefone 99331-7090. A Fetam é a idealizadora e realizadora da Mostra, que tem apoio cultural da Prefeitura de Manaus, por meio da Manauscult, e do Governo do Amazonas, através da Secretaria de Estado da Cultura (SEC).