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ANJOS E DEMÔNIOS: Vaidade e poder comprometem combate à corrupção


Por Raimundo de Holanda

04/08/2019 16h15 — em
Bastidores da Política



Desconfie de quem se diz 100% correto e imune a indecência desses tempos difíceis, porque são histórias de vida escritas em papel machê. É preciso mentir para si mesmo para proclamar-se santo. Está aí o exemplo, ruim, dado por Deltan Martinazzo Dallagnol e Sérgio Moro. Como será narrada, com a necessária correção, a Lava Jato daqui a 10 anos? Esses escritos anteriores as revelações do The Intercept estão ainda  em papel picado, misturado a cola e gesso. É preciso remontar os detalhes para decorar as paredes de um País em crise moral e ética, da qual não escapam suas principais instituições.

Mas o que está escrito ali e desmistificado  por revelações inesperadas, mostra que o  combate à corrupção no Brasil não é feito por homens acima de qualquer suspeita. Como todo ser humano eles são vulneráveis a sedução do poder, da fama, do dinheiro, e como todo homem de princípios mantém uma luta diária, interior - onde o bem e o mal se confrontam.Na maioria das vezes vencem lutas externas, que fazem deles heróis de momento, mas perdem a batalha mais importante contra si mesmos.

VAIDADE E PODER - Na maioria das vezes os 'agentes da lei deixam prevalecer a vaidade   sobre a justiça; e se alimentam do aplauso, dos mimos da imprensa, do clamor da opinião pública que endurecem corações e ameaçam  direitos fundamentais que eles deveriam proteger.

HONESTOS E FERIDOS  - Alguns saem ilesos, vencem a grande batalha do mal, mas ficam feridos pela oportunidade perdida…

LIÇÕES QUE FICAM - Isso vale para pessoas e instituições. E a historia narrada dia a dia, mudando conceitos, alterando biografias, é uma prova irrefutável dessa verdade absoluta: a de que o homem é, por natureza, desonesto.

ESCÂNDALO 1 - Em 2016 a Polícia Federal  sofreu um grande constrangimento. O ícone das operações da Lava Jato,  o agente Newton Ishii,  o ‘Japonês’, foi preso  acusado de facilitar o contrabando no Paraná.

RUIA O MITO - Caia um mito que popularizou a Lava Jato e dera origem a uma marchinha  composta por Thiago Vasconcelos de Souza, para o carnaval daquele ano:

"Ai meu Deus, me dei mal
Bateu a minha porta
O japonês da Federal

Dormia o sono dos justos
Raia o dia, eram quase 6h
Escutei um barulhão,
Avistei o camburão..."


ESCÂNDALO 2 - Em maior de 2017, outro constrangimento, agora para o Ministério Público Federal, e sua equipe da Lava Jato. O procurador da República Marcelo Miller, articulador do acordo com o Grupo JBS, pede exoneração para atuar  como assessor dos irmãos Batista e da empresa JBS. Um escândalo difícil de engolir.  No mesmo ano, outro procurador, Goulart Villela, é preso acusado de tentar interferir nas investigações da Operação Greenfield, uma extensão da Lava  jato que apurava irregularidades nos Fundos de Pensão.

SERÁ MESMO ? - Agora o caso do procurador Deltan Martinazzo Dallagnol e do juiz Sérgio Moro, acusados de usar a fama que adquiriram com a Lava jato para ganharem dinheiro com palestras, e de cometerem outras infrações na condução do processo. Será que algum dia a Federal vai aparecer inesperadamente na porta deles ?

AUDIÊNCIA: Os dados que aparecem no anúncio acima são do Google Analytcs e passam neste  momento por auditoria do IVC. Esta coluna bateu recorde de audiência em julho. Foram cerca de 550 mil visualizações. Os dados gerais estarão disponíveis amanhã para os leitores.  O Portal  do Holanda teve cerca de 25 milhões  de visualizações no mesmo mês e mantém a liderança no Estado do Amazonas e na Região Norte. 

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ASSUNTOS: Anjos e demônio, Bolsonaro, Deltan Martinazzo Dallagnol, Lava Jato, sergio moro, The Intercept

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.