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Impeachment de Wilson e Carlos pode cair no “isolamento social”


Por Raimundo de Holanda

12/05/2020 22h23 — em
Bastidores da Política



As sessões  virtuais do Poder Legislativo são uma excepcionalidade em tempos de pandemia. Deveriam se limitar a temas convergentes. Discutir ou encaminhar o processo de impedimento de um governador,  de forma remota, é um excesso. Primeiro,  porque exclui a sociedade de uma participação legítima e efetiva nesse processo. Segundo,  porque  o distanciamento dos próprios parlamentares dos seus pares e dos  eleitores impede a construção  de  “princípios”  que podem não convergir em muitos aspectos, mas ao final não passariam, como agora, a ideia de um julgamento meramente politico com fins de contemplar grupos de interesse.

Na reunião desta terça-feira, que definiria os membros da comissão do impeachment, os deputados estavam em suas casas prontos para fazer barulho, elevando uma temperatura  já  alta e próxima da implosão.

Faltou o olho da sociedade, os gritos dos que são contra e a favor do impedimento -  o que só seria possível em plenário não virtual, sem o isolamento social de agora.

Tentar afastar o deputado Josué Neto do comando da reunião foi um golpe. Que deu certo porque ficou insustentável presidir uma sessão  onde todos falavam ao mesmo tempo e teve que ser adiada.

Josué sabe que não pode ser o juiz das representações do processo de impedimento, mas nada o impede de presidir a sessão de encaminhamento.

Cabe a ele, entretanto, como presidente do Poder Legislativo, dar o exemplo: remarcar uma nova sessão no plenário da Casa, quando encerrado o confinamento a que todos estão submetidos neste momento.

Seria um leve atraso no processo, mas tempo para construir pontes e permitir que a sociedade participe diretamente, usando sua força para afastar o governador e seu vice, ou mantê-los no cargo.  Seria a forma de Josué contemplar o que seu avô, Josué Cláudio de Souza, sempre defendeu: a participação popular, sem a qual não há legitimidade para nenhum ato dos poderes. Nem democracia.

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ASSUNTOS: governo do amazonas, impeachment Wilson Lima, josué neto, pandemia, Coronavírus

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.