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Investigações na saúde do Amazonas miram parlamentares e empresários


Por Raimundo de Holanda

12/07/2020 20h36 — em
Bastidores da Política



As investigações em torno de desvios na saúde não se resumem a compra de 28 respiradores a preços superfaturados pelo governo do Amazonas. Vão muito além. Envolvem grupo familiar com  forte presença no governo e a rota do dinheiro  pago pelos equipamentos  - R$ 2,8 milhões - que não por acaso foi parar em uma conta no exterior. A ideia dos acusados era adquirir outros 250 respiradores no mercado internacional, o que elevaria a despesa para o Estado do Amazonas  em mais  R$ 30 milhões.

O projeto, segundo a coluna apurou, foi abortado após  denúncia de que o governo do Amazonas havia pago um valor bem acima do preço de mercado pelos primeiros 28 equipamentos.

O aporte de dinheiro federal ao Amazonas,  para o combate a Covid 19, ainda em abril, início da pandemia,  já era de R$ 70 milhões e somou  R$ 250 milhões no  final de maio. É esse dinheiro que era visado pelo grupo que a Procuradoria Geral da República chama de Orcrim.  Parte desses recursos foram gastos pela Susam.

A investigação vai apontar onde, como, quais grupos empresariais foram beneficiados e se houve sobrepreço nas contratações.

Embora não sejam citados na denúncia da PGR, os irmãos,  conhecidos como “jerboas”  na Susam, já articulavam com a empresa interessada na venda de  respiradores para o Estado. Jerboa é nome dado a um tipo de roedor. O apelido está relacionado ao fato de serem muito persuasivos na formalização de contratos e terem livre trânsito nos órgãos do governo.

Há suspeita ainda da participação de parlamentares em empresas, especialmente cooperativas, ligadas a contratos com recursos destinados a Covid-19. Contratos que agora passam por um pente fino, para identificar possíveis sócios ocultos.

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ASSUNTOS: CGU, desvios na saude, MPF, Operação Sangria, PF, respiradores, Susam, wilson lima

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.