Compartilhe este texto

Preso em Portugal, operador da Lava-Jato deve ser levado a Curitiba

Por Portal Do Holanda

04/02/2018 6h22 — em
Brasil


Foto: Reprodução Youtube

SÃO PAULO - Investigado pela Lava-Jato desde março de 2016, o empresário Raul Schmidt foi preso na cidade de Sabugal, em Portugal. Ele era considerado foragido desde que a Justiça portuguesa concluiu, no início da semana, que ele pode ser extraditado, embora tenha cidadania portuguesa. Como há um mandado de prisão preventiva expedido pelo juiz Sergio Moro em seu nome, Schmidt deve ser levado para a Polícia Federal de Curitiba, no Paraná. A data da extradição não foi informada. A defesa tenta impedir o procedimento, alegando que o empresário é um "cidadão nato" de Portugal.

Apontado como operador financeiro, ele foi o alvo da 25ª fase da Operação Lava-Jato, que recebeu o nome de "Polimento". Schmidt é acusado de intermediar negócios de empresas estrangeiras com a área internacional da Petrobras por meio do pagamento de propina a pelo menos três ex-diretores da Petrobras — Jorge Zelada, Nestor Cerveró e Renato Duque, todos já condenados por corrupção e lavagem de dinheiro.

De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), Schmidt também aparece como preposto de empresas estrangeiras que assinaram contratos de exploração de plataformas da Petrobras em que foram dectadas irregularidades.

A PF do Paraná informou que a prisão do operador aconteceu por volta das 12h30 deste sábado (horário de Brasília) em uma cidade que fica a cerca de 300 quilômetros de Lisboa.

"As autoridades brasileiras agora aguardam as próximas providências e a possível extradição para o Brasil com destino a Curitiba, local onde responde a ação penal perante à 13ª Vara Federal", afirma nota da polícia.

Schmidt chegou a ser preso em Portugal em 21 de março de 2016. Devido à sua cidadania portuguesa, ele foi autorizado a aguardar, em liberdade, a Justiça decidir se ele podia ser extradidato para o Brasil. O recurso definitivo foi julgado na última semana, segundo informou, na segunda-feira, o MPF.

Desde então, porém, as autoridades policiais portuguesas não conseguiam encontrar Schmidt. A busca acabou neste sábado, após trabalho integrado das polícias e do setor de inteligências do Brasil e de Portugal.

'PORTUGUÊS NATO'

Em Portugal, Schmidt tem sido defendido pelo advogado Pedro Dellile. À imprensa portuguesa, o advogado disse que Schmidt não pode ser extraditado porque, depois de se naturalizar português, adquriu status de "cidadão nato" de Portugal — como se tivesse nascido no país. Ainda segundo o advogado, o operador nunca descumpriu medidas da Justiça portuguesa.

O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, viajou para Lisboa para se reunir com Delide e discutir a situação de Schmidt. Kakay concorda que a extradição só era possível enquanto Schmidt era português naturalizado, mas que não pode ser aplicada mais, já que o investigado passou a ser um "português nato".

— Não posso deixar de registrar a gravidade do que está acontecendo. O Raul é hoje um cidadão português nato. Possui a cidadania originária. A sua extradição é absolutamente inconstitucional. É um desrespeito às duas Cartas Constitucionais, a brasileira e a portuguesa — disse Kakay, que continuou:

— Será a primeira vez que teremos um brasileiro, que é português nato, sendo extraditado e o Brasil poderá ter que dar reciprocidade se Portugal pedir a extradição de um brasileiro nato. Um desastre nas relações internacionais. Um casuísmo lamentável.


Siga-nos no
O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.

ASSUNTOS: Lava Jato, operador, preso, Brasil

+ Brasil