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Tripulante deixou de embarcar em submarino argentino desaparecido graças à mãe

Por Portal Do Holanda

26/11/2017 15h47 — em
Mundo


Os marinheiros Humberto René Vilte e Adrián Rothlisberger não embarcaram de última hora no submarino San Juan - Reprodução/Redes sociais

BUENOS AIRES — As fotos e os nomes Humberto Vilte e Adrián Rothlisberger foram compartilhadas na lista das vítimas do submarino ARA San Juan, desaparecido na última semana, segundo o jornal "Clarin". Mas os dois estão seguros e em terra firme; por diferentes motivos, não participaram da missão na embarcação junto com os outros 44 tripulantes, que agora estão sendo dados como mortos pelas suas famílias. Na quarta-feira (23), a Marinha argentina confirmou ter detectado uma anomalia hidroacústica curta e violenta, correspondente ao som de uma explosão, justamente na mesma área onde a embarcação estava quando se comunicou pela última vez.

Vilte, que nasceu em Jujuy, mas vive em Mar del Plata há anos, estava prestes a embarcar no San Juan quando soube que sua mãe havia sofrido um problema de saúde e estava hospitalizada em estado grave. Beto, como é chamado pelos colegas, pediu uma permissão especial para deixar a missão. Eles não só o liberaram, como pagaram sua viagem até a sua cidade natal.

Ao chegar ao seu destino, ele soube do desaparecimento da embarcação. Acompanhado por parentes de outros tripulantes Jujeños, Vilte retornou há alguns dias a Mar del Plata. Na cidade, dezenas de familiares se reúnem e sofrem com as remotas chances ainda restantes de encontrarem seus parentes vivos.

Rothlisberger, por sua vez, é de Villa Ángela, em Chaco, tem 26 anos e faz parte da Marinha há oito. De acordo com sua mãe, Sándra Álvares, Adrián não entrou no submarino "por uma questão de segundos".

— O chefe de Adrián pediu-lhe que realizasse uma série de procedimentos para ele, o que levou muito tempo. Acabaram liberando ele da viagem momentos antes do submarino partir. Todas as coisas dele estavam prontas para a viagem — contou Sandra ao "Clarin".

Na semana passada, quando as notícias do desaparecimento do submarino começaram a circular, Adrián pediu a sua mãe para acompanhá-lo na espera por respostas sobre o paradeiro dos tripulantes. Ela viajou de Villa Ángela para Mar del Plata, para estar com ele e o restante dos parentes dos 44 membros da equipe.

A Marinha vem recebendo duras críticas por ter criado falsas esperanças entre os familiares dos tripulantes, uma vez que demorou a oficializar a detecção de uma possível explosão, além de ter chegado a informar que havia detectado sete sinais do submarino, que depois se provaram apenas sons biológicos do mar. Além disso, é criticada por ter revelado apenas cinco dias após o desaparecimento que o comandante do submarino havia reportado avarias nas baterias e um curto-circuito a bordo.

 

MARINHA BRASILEIRA NAS BUSCAS

As autoridades argentinas já disseram que as buscas continuarão com toda força, à procura de rastros concretos do submarino. Doze países estão envolvidos nos esforços, incluindo Brasil e EUA. A Marinha do Brasil distribuiu 470 militares entre as três embarcações enviadas para auxiliar a Marinha da Argentina. Foram disponibilizados o Navio Polar Almirante Maximiano, o Navio de Socorro Submarino Felinto Perry e a Fragata Rademaker, segundo o Comando de Operações Navais. A Força Aérea Brasileira (FAB), por sua vez, enviou duas aeronaves para auxiliar na procura da tripulação: a SC-105 Amazonas SAR e a P-3AM Orion, com 37 tripulantes na operação.

NA quinta-feira, o porta-voz da Marinha da Argentina, Enrique Balbi, explicou que a anomalia hidroacústica detectada pelos Estados Unidos durante as buscas ao submarino foi identificada como "um evento anômalo singular curto, violento, não nuclear e consistente com uma explosão". O ruído apareceu nos radares utilizados pelos EUA ainda na quarta-feira, às 10h31, três horas depois do último contato feito pelo submarino.

— Continuamos buscando até ter evidência concreta sobre onde está o submarino e nossos 44 tripulantes. Até não ter certezas ou outros indícios continuaremos com o esforço de busca. Não podemos fazer uma afirmação concludente — disse Balbi.

O submarino argentino desapareceu no último dia 15. Com 44 tripulantes a bordo, o ARA San Juan perdeu a comunicação com a base na zona do Golfo de San Jorge quando se dirigia da Base Naval de Ushuaia, no extremo Sul da Argentina, para Mar del Plata. A principal hipótese é uma falha elétrica, provável responsável pela falta de comunicação com terra.

O Navio de Socorro Submarino Felinto Perry levou 25 mergulhadores até o local do último contato feito pelo submarino ARA San Juan. A embarcação conta com equipamentos de apoio ao mergulho, que permitem mergulhos conduzidos a até 300 metros de profundidade. Com características operacionais singulares, o navio brasileiro pode ter papel fundamental no resgate. Entre elas estão a câmara hiperbárica com capacidade para oito mergulhadores, um veículo de operação remota com câmeras de vídeo, manipulador e sonar.

Já a Fragata Rademaker foi incorporada à Marinha do Brasil em 1997. Além de possuir um sonar de casco Ferranti-Thomson Type 2050, o navio Type 22 Batch tem capacidade de operar com aeronaves de porte aproximado ao do AH-11A Super Lynx - um helicóptero que alcança velocidade máxima de 167 nós e teto máximo operacional de nove mil pés.

O último é o Navio Polar Almirante Maximiano, utilizado para realizar pesquisas polares. A embarcação, que estava a caminho da Estação Antártica Comandante Ferraz, foi incorporada à Marinha em 2009 e possui ecobatímetro multifeixe para grandes profundidades, guincho cenográfico e hangar para abrigar duas aeronaves UH-12/13 Esquilo. Dentro do navio existem ainda cinco laboratórios.

Foram disponibilizadas duas aeronaves da FAB para sobrevoar a área de buscas: a SC-105 Amazonas SAR e a P-3AM Orion. O primeiro, adquirido em agosto e operado pelo Esquadrão Pelicano, foi desenvolvido e equipado especialmente para realizar missões de busca e salvamento. O SC-105 tem radar com abertura sintética capaz de monitorar 360 graus em um raio de até 370 km, imageamento por infravermelho e integração de sistemas. De acordo com informações da FAB, a aeronave pode "detectar alvos tão pequenos quanto um bote e acompanha-los em movimento na superfície com até 139 km/h".

Já o P-3AM Orion, operado pelo Esquadrão Orungan, conta com sistema de radar e busca por infravermelho - fator que possibilita a visão noturna, uma vez que é possível localizar objetos pela temperatura emitida por eles. Com quatro motores, o P-3AM tem grande capacidade de voo, podendo se manter no ar por até 16 horas. Além disso, também está em uso o detector de anomalias magnéticas. O instrumento possibilita encontrar massas metálicas submersas e permite, com o lançamento de sonobóias, captar sinais abaixo da superfície da água.


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O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.

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