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Daniela Assayag e o mundo ‘invisível’ do poder


Por Raimundo de Holanda

01/07/2020 19h59 — em
Bastidores da Política



Daniela Assayag é uma mulher inteligente, forte e corajosa.  Mostrou essas qualidades na coletiva na qual refutou sua participação ou do marido, o médico Luiz Carlos Avelino, no escândalo da venda de respiradores superfaturados. Daniela desperta ódio, inveja e ciúmes. Foi  achincalhada nas redes  sociais e teve de  suportar o turbilhão de mensagens disparadas de todos os lados. O inferno gritou seu nome.

Quem tinha a mente estragada exauriu-se do ódio, provocando como comida  estragada em uma rede de intrigas que alimenta anjos e demônios. Vai ser difícil limpar esse vômito, que mancha biografias e destrói reputações.

Mas Daniela também errou. Colocou o rosto e o coração na coletiva desta quarta-feira,  sem perceber que investigações apontam um claro envolvimento do médico, seu marido, no caso dos respiradores. Daniela, com toda sua inteligência, capacidade de ver o mundo como ele é, com suas armadilhas e obstáculos, não  percebeu o que girava em torno dela.  É, talvez, a mais inocente nessa história que envolve não apenas corrupção, advocacia administrativa, fraudes, mas sofrimento, dor e morte - que  foi o resultado dos dois primeiros meses da pandemia no Estado do Amazonas.

O que Daniela não sabia - e vai saber agora - é que a Sonoar, empresa que vendeu os respiradores a Vineria Adega, era, até junho deste ano, proprietária de seu marido, o  médico Luiz Carlos Avelino. Ele comprou a empresa em 12 de dezembro de 2019, seu registro ocorreu em junho de 2020, quando a pandemia já  apresentava recuo,  mas surgia a  CPI da Saúde  e uma forte investigação federal sobre o caso dos respiradores.

O médico só passou a sua parte da sociedade na Sonoar para  Luciane Andrade, presa pela Polícia  Federal na Operação Sangria, realizada na última terça-feira,  em 15  de junho deste ano. A Polícia Federal tem esses documentos em mãos, e muito provavelmente Avelino  será chamado a depor e submetido a acareação com  Luciane Andrade, a  antiga sócia  de  Renata Dias Mansur na empresa.

Que se investigue a fundo o caso, puna-se os culpados,  mas Daniela não utilizou de sua influência no governo para beneficiar os negócios do marido. Tem história, uma trajetória de vida brilhante que não será ofuscada por esse episódio, independentemente dos resultados que as investigações, que continuam, chegarem.

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ASSUNTOS: Carlos Almeida, Daniela Assayag, Operação Sangria, Policia Federal, respiradores, wilson lima

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.