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Fusca elétrico chinês é problema que a GWM não quer no Brasil

Por Folha de São Paulo

23/04/2024 14h00 — em
Economia



BAODING, CHINA E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A direção da GWM no Brasil tinha uma preocupação. Se o Ora Ballet Cat, mais conhecido como Fusca elétrico, estivesse entre os carros exibidos no campo de provas da marca, na cidade chinesa de Baoding, todos os outros ficariam em segundo plano.

Mas não teve jeito. O fuscão quatro portas foi o primeiro carro avistado ao se chegar à pista. Os jornalistas brasileiros convidados pela marca —incluindo a Folha de S.Paulo— correram em sua direção.

O veículo virou notícia novamente na semana passada, quando o jornal O Globo revelou que a GWM obteve uma decisão favorável na disputa jurídica que trava com a Volkswagen no Brasil. No cenário atual, o Ballet Cat pode ser homologado e comercializado no mercado nacional.

Mas a briga continua, já que a VW entrou com um recurso. Independentemente do resultado, a GWM do Brasil garante que não tem nenhum plano de trazer o carro. Questões como a estratégia sexista que envolve o Ballet Cat são levadas em consideração.

Na visão dos chineses, o fusca elétrico foi desenvolvido para o público feminino. Há itens como porta-maquiagem e um sistema chamado "Lady’s Drive". Quando acionado, o piloto automático mantém uma distância maior do carro que vai adiante.

O item mais polêmico é o sistema de aquecimento dos bancos dianteiros —que, segundo a GWM, serve para aliviar os incômodos gerados por cólicas menstruais. Chama-se "Warm Man Mode", que significa "função calor do homem".

Exceções feitas às questões de gênero, o carro é bem construído. O interior mistura elementos retrô que remetem a diferentes gerações do fusca original, com muitos cromados e forrações claras que imitam couro.

As quatro portas são uma das diferenças em relação ao modelo clássico da Volks. Já os faróis, redondos no projeto alemão, têm um formato próprio no Ora Ballet Cat, com base reta e topo curvilíneo

A posição de dirigir é cômoda, com regulagens de altura e de profundidade da coluna de direção. Há teto solar com abertura eletrônica, além de ar-condicionado e airbags frontais, laterais e do tipo cortina.

O painel de instrumentos forma uma tela única com a central multimídia, sendo um item hi-tech em meio a elementos que remetem ao passado. Tudo parece ser forçosamente uma cópia kitsch, e esse é o espírito do carro.

Com 4,40 m de comprimento e 2,75 m de distância entre os eixos, o fusca chinês oferece bom espaço no banco traseiro —que tem cinto de segurança para três ocupantes.

A curvatura do teto, contudo, vai dificultar a vida de pessoas com mais de 1,80 m de altura que precisarem viajar nesta segunda fila.

O porta-malas é pequeno, mas tem acionamento elétrico tanto para abrir como para fechar. Trata-se de um veículo com apelo urbano, principalmente na versão mais simples, que tem aproximadamente 170 cv de potência.

O porte é muito semelhante ao do Ora 03, que é vendido no Brasil por a partir de R$ 149,8 mil. Caso fosse importado para o mercado nacional, o Ballet Cat deveria custar entre R$ 150 mil e R$ 200 mil, a depender da versão.

A direção do fusca elétrico é leve, mas não dá para dizer que o carro foi testado. Foi possível apenas andar um metro para frente e mais um para trás.

Embora possa vender o carro no Brasil, o fusca elétrico é visto como um problema desnecessário pela administração nacional da GWM.

A montadora ainda está em processo de construção de marca no país, e o Ballet Cat traz exatamente o que é desejável evitar: a fama de os carros chineses são cópias de automóveis ocidentais.

O jornalista viajou a convite da GWM do Brasil


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